segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Nem tão fora assim.

No sábado fomos assistir a apresentação "Em algum lugar fora do mundo". A peça/dança era muito interessante, já começava fora da sala na entrada do teatro. A performance se desenvolvia com sons e dança, poesia declamada e interação com o público. A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi "Legal! Esse formato mexe com a ilusão do espectador." Qual delas? A que somos capazes de observar tudo que se passa em cima de um palco ou numa tela.

Depois disso fomos levados pra dentro da sala, onde barracas de acampamento estavam armadas, cadeiras ao lado delas, imagens projetadas ao fundo e a performance rolando no palco. A cacofonia visual e sonora transborda o palco e vem para os assentos, onde os integrantes do grupo convidam os espectadores a deixar seu papel de lado e se transformarem em elementos do espetáculo. Daí muitos levantam das cadeiras e passam pro palco, adentram as barracas e aprofundam a jornada pra fora do mundo cotidiano.

Os textos e a dinâmica do espetáculo propõem questionamentos pessoais sobre verdade, mentira, ilusão, realidade, percepção, sensação, maniqueísmo... Numa poesia peculiar que sugere a reflexão, o balanço do olhar cotidiano, uma mudança no ponto de vista de pequenas verdades e, em suma, potencializado que cada indivíduo saia de lá com um espetáculo realmente seu, para além da interpretação individual.

Para mim, que estive com as janelas da alma semicerradas ao longo do espetáculo numa teimosia crítica e racional, o espetáculo não leva para fora do mundo. Ao contrário, tenta estabelecer seu papel de obra de arte fazendo o espectador reler seu mundo e se modificar com ele.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu realmente gostaria de ver algo desse tipo. Isso sempre me despertou um grande interesse...

a_garcia disse...

Fala com a Ju e tenta ver com ela em São Paulo! Vcs vão gostar. =)

Quem sou eu

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Eu sou cheio de desejos, que me levam pra várias direções; e como um Menino Maluquinho gostaria de poder abraçar o mundo com as pernas na tentativa de saciá-los. Extremamente vaidoso, principalmente com meu intelecto e minha capacidade de aprender coisas novas. Urbano demais, filho do barulho e do ar da cidade, do excesso de informação e das cores da pólis. Articulado com as palavras em vários momentos, mas receoso do quanto elas me expõem muitas vezes. Susceptível a elogios e a beleza, em várias expressões. Apaixonado pelas artes, tanto que gostaria de ser muito hábil em alguma delas para agir como uma segunda voz. Uma colcha de retalhos de idéias, conceitos, memórias, projeções e outras abstrações, sonhador, curioso... bem curioso, eu diria. Oscilo entre pessoas e lugares com certa facilidade. À medida que amadureço vou adotando algumas certezas e algumas regularidades que me eram sufocantes. Adoro cantar. Sou do tipo que sente mais saudade quando reencontra do que quando está longe. Amo água. Detesto a maioria dos esportes. Sou bicho de bando e viajaria sempre se possível. Dentre tantos que abrigo, isso é parte de mim.